Este salmo mostra um rei derrubado pelo pecado, em queda livre para dentro de um poço construído em seu próprio coraca. Foi por amor, deve ter dito, como se o amor justificasse atos insanos, e construísse um caminho alternativo entre o certo e o errado.
Davi, porém, não poupou palavras nem amenizou os pejorativos usados para descrever a escuridão de sua alma. Ele sabia que traiu a sua própria consciência levado por uma paixão e se viu disposto a encobrir seu pecado com remendos, que a sua posição de regente supremo da nação lhe permitia construir. Não era o legislador, mas acima dele só havia Deus.
Davi possuía poderes para fazer arranjos, mover peças, derrubar peões e impor um cheque mate forçado. Oresultado de suas ações por detrás dos bastidores causou a morte um marido traído, homem de bem e cidadão fiel.
Se abriu com Deus, aquele a quem devia explicações e confessou seu erro. Pediu ao Senhor um coração inabalável, isto é, sem dúbias intenções, do tipo que escolhe o caminho em que deve andar e segue em frente, sem se deixar levar por atalhos, distrações e sugestões. Ele já sabia que a debilidade movida pela fraqueza de propósitos o jogaria, novamente, na lama.
Para fugir das dores da consciência, algumas pessoas tentam conviver amistosamente com a dúvida e dar à ela a primazia e ao mesmo tempo parecerem sábios ou eruditos. Só para explicar o abandono de Deus.
Perderam a fé e subiram no muro onde tentam se equilibrar o máximo possível. Não deve ser fácil andar nesta corda cinzenta e bamba que paira acima do certo e do errado. Esta corda é construída com explicações, conceitos débeis, erros alheios e possíveis posições intermediárias.
Tudo para se convencer de que não abandonou totalmente a fé, nem se jogou de vez na gandaia. Meio lá, meio cá.
Passar a vida inteira construindo sofismas e asfaltos gelatinosos por onde andar, não é nada fácil. Lá no fundo a consciência dói. É a voz de Deus, que você tenta não ouvir, mas não consegue.
Volte para a verdade, pois logo ali está o ponto sem volta.
Ubirajara Crespo
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