12/09/2014

Psicanálise pode entrar no gabinete pastoral?

Tiago: 3.11. Porventura a fonte deita da mesma abertura água doce e água amargosa? 12. Meus irmãos, pode acaso uma figueira produzir azeitonas, ou uma videira figos? Nem tampouco pode uma fonte de água salgada dar água doce. 15. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica.

Existe alguma compatibilidade entre a psicanálise e a fé cristã?

Vou construir uma resposta para isso baseado na seguinte premissa: Verdade não contradiz a verdade.

Vejo a fé cristã como o inerrante deposito da verdade nela descrita. Vejo as demais ciências como caixas contendo grandes doses de verdade, mas contendo alguns furos. A prova disso é que muitos dos conceitos científicos vêm, voltam e são substituídos por novos. "Da mesma boca procede bênção e maldição. Não convém, meus irmãos, que se faça assim" (Tia 3.10).

Alguns assuntos contidos nos baús científicos não estão no Baú Bíblico, e vice versa. Entre outros assuntos, a Bíblia fala, sobre a alma, anjos e demônios como seres pessoais, a ciência, porém, nem sequer estuda o assunto, a não ser a parapsicologia, que acredita sermos capazes de manipular material plasmático, lhes dando cores e formas que povoam nossas mentes.

Alguns cientistas negam o criacionismo e a existência de seres, mas o fazem à partir de pressupostos escolhidos que nem sempre se encaixam, perfeitamente. Costumam formular suas teses a partir de fórmulas lógicas como Esta: "Sabemos que a vida na Terra aconteceu há milhões de anos, o que a Biblia rejeita, se ela está errada nesta, erra também todas as demais afirmações". Montaram baú, onde tentam empurar a teoria evolucionista e/ou suas variantes.

Existem outras variantes e pensamentos que, se fossem acrescentados à sua panela, conduziriam à conclusões diferentes. Entre eles estão a teoria do hiato, a evolução teísta, o Big Bang, o dia/era.

Tanto cientistas como religiosos escolhem os ingredientes e procuram os melhores sabores para a sua receita lógica.

Alguns dos confrontos acontecem quando o conselheiro associa psicanálise e cristianismo ao processo terapêutico. As duas abordagens são as mais consultadas por quem deseja se livrar de sofrimento, mas há quem entenda que o ponto de contato entre ambas termina aí, visto que oferecem compreensões do ser humano, por vezes, antagônicas.

A religião supõe a existência de agentes espirituais, que "podem" influenciar a nossa realidade, mas não despreza a existência de causas naturais. Ao falar de figueiras que produzem azeitonas, Tiago deixa claro que é possível um coração criado para produzir um determinado tipo de fruto, ter sua natureza alterada, de tal forma que passe a produzir um fruto que não era esperado. A queda provocou falhas na programação original do uso da lingua e podemos gerar tristeza ao invés de alegria e contendas onde deveriamos produzir pacificação.

Tiago acrescenta que estes desacertos podem ser de origem animal, terrena e demoníaca, assim como uma produção hormonal e outras doenças e acidentes também mudam nossa reação emocional original para vingança, medo e agressividade. Isto machuca tanto a quem apanha quanto a quem bate.

Como ciência a psicanálise despreza a possibilidade de intervenções sobrenaturais. Para ela a natureza do sofrimento reside na capacidade do próprio ser humano se machucar. Nada é atribuído a Deus nem à demônios.

O cristianismo não se coloca uma posição antagônica à psicologia, antes acrescenta temperos como como noção exata de si mesmo, admissão de culpa, reconciliação, perdão e orar por quem lhe persegue.

Acrescenta também a afetação provocada pela intervenção de seres demoníacos que turbinam nossas mais baixas tendências. Não são eles, portanto, os maiores causadores do nosso sofrimento, mas o modo como uma natureza caída reage diante de provocações animais, terrenas e demoníacas. Detectar a presença de um ou mais destes fatores no quadro formador de doenças emocionais degenerativas poderá nos trazer uma terapia completa.

Mentiras da psicanálise como complexo de édipo e a ausência de influências espirituais podem ficar de fora, pois a verdade não contradiz a verdade.

Além disso, as formas de lidar com esse sofrimento são distintas: “A religião poderá buscar a solução do sofrimento pela via da salvação divina ou do afastamento do demônio, o que supõe uma ação de tipo sobrenatural ou, ao menos, um contato entre o ser humano e uma instância desse universo transcendente. Na psicanálise, lida-se com o sofrimento justamente colocando o sujeito no centro, na natureza mesma do sofrimento. Ele próprio é o agente último da ação, implicado até o pescoço no sofrimento que sente.”

Ubirajara Crespo

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